quarta-feira, 26 de abril de 2023

Águas amigas

 Aos 3 anos lembro de pular na beira do arroio que ficava pertinho de casa e num dos pulos  devo ter caído num buraco ou num local mais fundo.  Lembro de sentir o ar faltar e de enxergar através da água a amiga de minha mãe, sua imagem distorcida, se aproximando e gritando. Água saindo pelo nariz, vômito e estava salva.

Aos 13 anos eu tentava aprender a nadar no mesmo arroio e ainda tinha muito medo.  Minha amiga Carla e o Carlinhos me levavam até uma pedra, que pra chegar tínhamos que passar por um trecho que era fundo... Um dia, no mesmo percurso,  eles se afastaram de mim, um pra cada lado, sentiram que eu sabia nadar, confiavam em mim,  eu que não tinha coragem de tentar. Foi a ousadia  e confiança de meus amigos que me possibilitaram perder o medo e nadar. 
Hoje,  54 anos,  tenho redescoberto a moleca que ama águas.  Amo mais as águas calmas,  que instigam os grandes percursos e os encantamentos mansos. Navegar, flutuar sobre as águas é de uma leveza indescritível.  Sempre há um horizonte/moldura/acalento em caso de cansaço. Não tenho medo, tenho amigos que me acompanham e partilham da poesia/alegria/encanto dessas aventuras.

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